Otorrinolaringologista do Hospital CEMA esclarece que gritar ou cantar em altos decibéis prejudica o aparelho fonológico e, por isso, deve ser evitado
Acompanhar o bloco na rua, vibrar com o desfile da escola do coração no Sambódromo ou se divertir com os bailes do salão. É praticamente impossível experimentar uma dessas emoções sem liberar a voz, cantando bem alto. Mas é aí que mora o perigo. De acordo com o otorrinolaringologista do Hospital CEMA, Cícero Matsuyama, o uso excessivo do aparelho vocal de forma inadequada, seja gritando, cantando ou falando muito, pode ser muito prejudicial para a voz. Tanto do ponto de vista de intensidade vocal quanto no uso por períodos prolongados, os excessos devem ser monitorados por profissionais especializados.
“Temos como exemplo um maratonista: uma pessoa comum não habituada a trajetos longos não consegue correr 42 km de uma hora para outra. Essa pessoa necessita de um médico especialista em medicina desportiva e de um fisioterapeuta. Assim também funciona com a voz”, compara o especialista. Todo profissional da voz necessita de um acompanhamento de um otorrinolaringologista e, eventualmente, também de um fonoaudiólogo para transtornos funcionais.
O médico esclarece que as principais alterações que ocorrem na voz são, principalmente, da qualidade do som emitido pelas cordas vocais, que podem variar desde uma simples rouquidão até a afonia, que é a ausência completa da voz. As causas podem estar relacionadas a doenças inflamatórias, infecciosas, tensionais (emocionais) ou neuromotoras (degenerações neurais, acidente vascular cerebral).
Entre outras causas que influenciam na voz estão o tabagismo, a alimentação, a ingestão de líquidos e a poluição. Além de causar o aumento da frequência do surgimento de lesões tumorais, o fumo causa lesões inflamatórias graves que deixam a voz rude e áspera e, mesmo com a parada do hábito, pode permanecer por um período prolongado. Pessoas que já possuem predisposição para inflamações devem evitar alimentos e líquidos em temperaturas muito baixas, pois a ingestão de gelado pode gerar um processo inflamatório no aparelho vocal, causando rouquidão e dor à deglutição.
O tempo seco e os agentes presentes na poluição das grandes cidades podem causar inflamações e, como consequência, rouquidão, dor de garganta e tosse seca. No inverno, o fato das pessoas ficarem em ambientes mais fechados e sem ventilação adequada e utilizarem roupas que facilita a disseminação das doenças sazonais, que quando afetam o sistema respiratório, podem ocasionar problemas relacionados à voz.
Assim, a recomendação é aproveitar ao máximo os dias de folia, mas tendo sempre o cuidado de ingerir bastante água (para hidratar o corpo e a garganta) e expor com cuidado a voz.
Fonte: CEMA