Bactérias intestinais podem afetar o cérebro de pacientes com SII

A síndrome do intestino irritável é um dos problemas gastrointestinais mais comuns, mas pouco se sabe sobre suas causas. As opções de tratamento se concentram no alívio dos sintomas – que geralmente incluem comportamento ansioso – em vez de curar a doença. Uma pesquisa pode ter encontrado uma conexão entre bactérias intestinais e comportamento em pacientes com a SII, o que poderia ajudar com novos tratamentos.  
Os sintomas da doença incluem dor abdominal intensa, inchaço, constipação ou diarreia. Muitas vezes, os pacientes também experimentam ansiedade e depressão. Nenhum biomarcador ainda foi identificado para SII, então nenhuma investigação pode afirmar definitivamente que alguém tem SII. Em vez disso, a doença geralmente é diagnosticada clinicamente.

As opções de tratamento incluem medicação e mudanças na dieta, com foco na eliminação dos chamados FODMAPs – carboidratos que não são facilmente assimilados pelo intestino e podem causar fermentação. A medicação tipicamente prescrita inclui antiespasmódicos e laxantes, mas a eficácia dessas terapias é limitada, já que as causas permanecem desconhecidas.

Um estudo – realizado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa em Saúde Digestiva Familiar da Farncombe, na Universidade McMaster, em colaboração com pesquisadores da Universidade de Waterloo, ambas em Ontário, Canadá – pode ter encontrado uma ligação entre bactérias intestinais em pessoas com SII e seus sintomas comportamentais. As descobertas, publicadas na revista Science Translational Medicine, podem em breve levar a novas opções de tratamento para aqueles que vivem com a síndrome.

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A nova pesquisa, liderada porPremysl Bercik e Stephen Collins, procurou investigar se a microbiota fecal de humanos com a SII pode alterar a função intestinal e cerebral em camundongos.

Bactérias intestinais de pacientes humanos com a SII transferiram sintomas para ratos

Para o estudo, os pesquisadores utilizaram indivíduos saudáveis e sem SII, bem como dois grupos de pacientes com a síndrome: um grupo que também teve ansiedade e outro que não teve. Usando transplantes fecais, eles transferiram a microbiota desses seres humanos para ratos sem germe.

Após o transplante, os ratos desenvolveram sintomas gastrointestinais e comportamentais semelhantes aos de seus doadores. Os ratos experimentaram disfunção de trânsito gastrointestinal (mudanças no tempo que leva para que os alimentos viajem do estômago pelo intestino), disfunção da barreira intestinal (em que o trato gastrointestinal não fornece uma barreira firme contra bactérias externas e prejudiciais, como normalmente seria) , inflamação e comportamento indicativo de ansiedade.

Uma pesquisadora do Farncombe Family Digestive Health Research Institute e primeira autora do estudo, Giada De Palma, explicou o significado das descobertas:

“Este é um estudo histórico porque muda a área de atuação para além de uma associação simples e evidencia que as mudanças na microbiota afetam as respostas intestinais e comportamentais na SII”.

Premysl Bercik, autor principal do estudo e professor associado de medicina na Universidade McMaster, também afirmou: “Nossas descobertas fornecem a base para o desenvolvimento de terapias voltadas para a microbiota intestinal e para encontrar biomarcadores para o diagnóstico da SII”.

Os autores observam que suas descobertas podem fornecer novas oportunidades para o desenvolvimento de tratamentos. “As terapias dirigidas a microbiota, incluindo o tratamento pré ou probiótico, podem ser benéficas não apenas aos sintomas intestinais, mas também aos componentes das manifestações comportamentais da SII”, concluem.

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Segundo os pesquisadores, os resultados do estudo também aumentam a evidência crescente de que a microbiota do intestino pode afetar o cérebro e uma série de transtornos mentais. “A microbiota intestinal pode desempenhar algum papel no espectro de distúrbios cerebrais que variam de humor ou ansiedade a outros problemas que podem incluir autismo, doença de Parkinson e esclerose múltipla”, escrevem Bercik e colegas.

No entanto, os autores admitem que são necessários mais estudos para esclarecer completamente a conexão entre essas condições.

Fonte: MedicalNewsToday

 

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